Aprendendo a compartilhar
A fachada é de um restaurante. Na porta, dois seguranças indicam onde estacionar. Descemos e eu já não estava nem um pouco apreensiva. “Falei que viria, não falei?”
No primeiro ambiente, uma moça explicava as regras da casa, enquanto recebia pelo ingresso. Ainda ali já encontramos um rapaz com quem eu teclava há algum tempo. “Eles estão comigo”, disse, dirigindo-se à recepcionista. Sua mulher logo se juntou a nós... realmente muito solícitos, os dois nos acompanharam no caminho. Ao lado deste ambiente, uma escada nos levava ao local da festa.
O ambiente era mais claro que o de uma boate. Ao centro, um pequeno palco. De um lado, mesas com duas poltronas cada. De outro, o bar. O casal nos indicou onde sentar, para acompanhar o show, e seguiu para receber outros convidados.
Já ali percebi que a história não é como eu pensava. Ninguém estava fodendo no sofá ou se esfregando pelos cantos. Os casais, sentados, bebericavam drinks, enquanto os solteiros ‘paqueravam’ no bar.
Uma drag iniciou os trabalhos da noite. Brincadeiras descontraiam os iniciantes e empolgavam os veteranos. As apresentações se seguiram com shows de striptease e, a partir dali, as pessoas já procuravam as cabines.
Ah, bem, detalharei os cômodos: Alem do palco e do bar, havia pequenas cabines com somente um banco e uma poltrona. Naqueles espaços era possível e aceitável fechar a porta, sem problemas. Uma destas cabines tinha buracos, em que era possível ver, ser visto, tocar e ser tocado (esse último, se assim desejasse). Havia também o tatame, uma espécie de cama redonda e bem grande, onde vários casais poderiam ficar juntos e o aquário, uma cabine com um vidro onde quem está fora vê o que se passa lá dentro. Os solteiros ou casais que quisessem olhar poderiam ficar a vontade. Havia, ainda, o labirinto. Um grande corredor escuro, que terminava em uma cabine grande. Ao passar ali, tudo poderia acontecer e não era necessário o consentimento para ser tocado.
A música era boa e, em geral, bastante sensual ou escolhida a dedo para ser dançada a dois. Em nenhum momento fui importunada, tocada sem consentimento ou passei por qualquer constrangimento. O casal que nos apresentou à casa e tantas outras pessoas que conhecemos trouxeram uma nova identidade ao meu pensamento sobre o tipo de diversão que se pratica ali. Tudo é permitido, nada é obrigatório... mas a vontade de voltar é viciante. Ah, o casal propôs uma nova visita à casa, desta vez com interação entre nós e eles... Talvez eu conte algo aqui, caso aconteça.
Como saldo da noite: Cumplicidade, muitas caipiroscas, uns beijos e o telefone do stripper (que me queria a todo custo) e, para minha surpresa, uma menina que visitou conosco uma das cabines.
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