Baby steps

Sentimentos difíceis de identificar... Acontece.

Mais complicado ainda quando uma pessoa te pergunta: O que é isso?

Você nunca tinha parado pra pensar. A indagação estava escondida dentro de você.

Você preferia não pensar a respeito?

Agora é tarde. Perguntaram pra você e fostes obrigada a pensar.

Eu estou pensando... Ainda não sei. Alguns dias serão necessários para que meus pensamentos se organizem...

O que eu quero?

Não sei, não sei mesmo!

Mas sei de algumas coisas que eu não quero.

Eu não quero passar a impressão errada pras pessoas.

Eu estou na vida, num planeta muito novo pra mim, baby steps.

Não quero ser compreendida, não vejo necessidade. Não é tão complicado assim.

Sabe, de uns tempos pra cá, vejo umas citações do Renato Russo e não acho mais tão legal o que ele dizia... Mas essa aqui está funcionando pra mim esses dias:

“Vamos lá, tudo bem
Eu só quero me divertir
Esquecer dessa noite
Ter um lugar legal pra ir...”

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A doce presença de Anita







- Alô?!(Do outro lado, uma voz que passeava entre confusa e visivelmente irritada)


- Porque você não falou comigo?!


- Oi, amor! Eu... eu não sei. Acho que não estava preparada para este encontro.



- Preparada?! Era eu que estava ali, isso já deveria ser preparação o suficiente.


- Não é isso. Eu não queria que o nosso primeiro encontro fosse assim... uma coincidência.


(Ele já se acalmava, mas parecia perturbado com o que aconteceu)


- Eu te olhando, como quem espera qualquer migalha... e você?


- Meu amor, eu também te olhei...


- Eu sei disso. Sei bem. Vi e senti quando você passou bem na minha frente, ainda encostando em mim, entre as fileiras de cadeiras, caminhou até a sua poltrona.... (Ele começava a respirar mais forte e descompassado)....


- Eu só estava indo a uma sessão de cinema, amor... As cadeiras são numeradas, eu precisei passar na sua frente... (Ela provocava.)


- Não me provoca, menina. Vi como você passou, me fazendo querer te puxar ali mesmo...


- Ah, foi? Então eu consegui o que queria! (ela sorria e o deixava claramente incomodado)


- E como se não fosse o suficiente, você estava com aquele vestido curto. Vi quando sentou, cruzou as pernas.... E o cabelo?!


- Que tem o cabelo, meu amor?


- Você sabe... me deixa louco quando joga o cabelo daquele jeito. Você está me fazendo parte do seu joguinho, não é?


- Mas que joguinho, amor? Não tem joguinho nenhum. Nós nos encontramos, coincidentemente no cinema, só isso.


- Ah é? Então também foi coincidência você sentar em uma poltrona que me deixasse ver enquanto você acariciava suas coxas e me olhava com aquela cara de... aquela cara! Você sabe!


- Cara de puta, amor? Daquele jeito que você gosta?


- Caralho, menina. Você é mesmo uma Anita. A minha Anita... Você ainda vai me fazer cometer uma loucura, sabia?

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Sem os sentidos.

Do que me serve esta paixão?
Beijo sem boca no corpo etéreo,
mente cheia dos vazios que você me traz.
De que me mata esta saudade?
Gozo sem sexo, verdades abstratas.
Abstração...abstração...

Tua imagem é tortuosa e estática.
Corpo sem movimento, um sorriso congelado.
Não sei ao certo se estou presa
ao teu sim ou ao teu não.

E o que seríamos sem as palavras?
Que por nós amam, choram e se calam.
Nossas palavras se encontram e dançam,
uma dança esquisita... uma Valsa do Não.
Não poder, não tocar, não saber.

Me encontro contigo
nos monólogos do meu pensamento.
Um teatro. Projeção dos meus desejos.
Te invento, te crio, te convenço, te chamo pra dançar.
Tu me aceitas, me converte, me desejas,
nem mesmo sei se o “eu” que é teu, sou eu mesma...
Somos uma obra de arte,
perfeição presa na parede.
Imagens coloridas e ideais, admiradas e impenetráveis.
Impermeáveis... permeados por agonia e fantasia.
Plantados no eu, colhidos no espaço – que sou eu mesma.

Somos um imenso vazio...
preenchendo meus dias de ciúmes, saudades e espera.
Esperando o movimento, o gosto, os gestos,
penetração e experimentação de todos meus sentidos.
Sem nenhum sentido... sem nenhum sentido...




***

De algum lugar... De algum romance... De tudo que poderia ter sido e não foi.

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Descobertas

Lembro bem do início da noite.

Eu havia ido pr’aquele lugar me divertir com os amigos.
Já na sala de espera, eu brincava que, a julgar pelo público que a gente via, eu ia pegar mais gente naquela noite que nos últimos 2 anos.

Enfim, entramos.
O DJ já empolgava boa parte das pessoas. Dançamos como há tempos não fazíamos. O lugar estava ótimo e as pessoas, bem... havia muita gente bonita.

Depois de muito dançar, meus amigos e eu fomos até outro ambiente, com alguns sofás e pufes.
Mal sentamos, percebi duas meninas sentadas perto de nós.


Uma, loira, estava sentada na poltrona.
A outra, uma linda morena, estava sentada em seu colo.
A cena era, no mínimo, sexy.
Claro que elas perceberam que eu tinha olhado, se voltaram pra mim e sorriram.


Perguntei, só pra confirmar, se eram duas meninas.
Me disseram que sim.
Por algum motivo, olhei novamente para elas, que estavam se beijando.
A morena, então, lançou o desafio:

“E você, não vai fazer nada?”

E eu, que nunca tinha pensado na hipótese, fui lá e fiz. E foi uma ótima descoberta.



Lembro, agora, de Norma Lúcia, de A Casa dos Budas Ditosos: “Preferências, sim. Exclusividade, nunca!”

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Ele? Extremamente atraente... Mais velho, engraçado, “tirador de onda” e capaz de me convencer a fazer qualquer coisa, até fumar!!!(não o fiz, mas só porque...)

Não sou (nunca fui, não sei se serei) do tipo que dá em cima... Ainda mais que a namorada estava presente (muito legal ela, por sinal) e nada como seguir o sábio mandamento: “Não cobiçar o “alguém” do próximo, quando o próximo estiver próximo”...

Mas nada como uma tentação pra que a gente possa dar aquele sorrisinho de canto de boca e quando perguntarem:

O que foi?

Você dizer:

Nada não!

E pensar:

Ai ai... Bem que poderia ter sido...

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Quase um conto.

Eu trabalho em uma distribuidora de medicamentos. Ele, em um hospital.

Todos os dias precisávamos conversar por telefone, para que houvesse reposição dos remédios faltantes. Foi assim que começou nossa amizade.

Como eu precisava entrar em contato com o hospital várias vezes ao dia, muitos médicos e enfermeiros achavam uma tarefa cansativa rever os prontuários e me dizer quais medicamentos deveriam ser enviados. O Luís, pelo contrário, sempre atendia muito bem a todos da minha empresa.

Logo, o contato que era apenas por telefone começou a acontecer por outras redes sociais. Era mis prático, mais rápido e poderíamos conversar mais, não somente sobre o trabalho.

Certo dia, já estávamos suficientemente próximos, resolvemos nos encontrar pessoalmente. Na hora marcada ele estava lá em casa. Simpático, agradável, exatamente como parecia no contato inicial. Decidimos ir a um bar. Era por volta da meia noite. Conversamos sem parar até que nos anunciaram que o bar iria fechar. Ele me disse que, se eu estivesse disposta, poderíamos procurar outro. Assim fizemos. O encontro foi tão legal que terminou às 7 da manhã. Embora possa ser estranho, até o momento sequer citamos algo sobre envolvimento amoroso.

Às 13h, estávamos juntos novamente. Almoçamos e passamos uma tarde maravilhosa. E também a noite.

Nosso primeiro encontro durou quase 24h... e já marcamos o segundo e o terceiro.

A vida nos reserva boas surpresas... e o mundo também precisa saber destas coisas.


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Pequena Trilha Sonora








♪ Esmalte vermelho
Tinta no cabelo
Os pés no salto alto
Cheios de desejo
Vontade de dançar
Até o amanhecer
Ela está suada
Pronta prá se derreter...

Sempre tive esse grande defeito: não gosto de deixar as oportunidades passarem. Nenhuma. Às vezes, louca, quero vivê-las ao mesmo tempo. E como poderia deixar passar essa carne branca e macia se esfregando no meu corpo... esse cheiro de flor... esse cabelo vermelho e longo grudando no suor do meu corpo como se fosse várias mão me segurando enquanto ela sugava o doce que emanava dentre as minhas pernas.

♪ Ser feliz é tudo que se quer
Ah! Esse maldito fecheclair
De repente
A gente rasga a roupa
E uma febre muito louca
Faz o corpo arrepiar...

A paixão inebriante tira-nos do foco... mas, meu instinto gritava cruamente: “não existe lanche de graça”. Tanto tesão por mim, pela vida, pela arte... tanta aquiescência... algo se esconde de funesto nessa alma. Algo na minha alma não consegue aceitar a gratuita felicidade.

♪ Mas eu não sei se quero ou se não quero
esse insensato amor
que eu desconheço
e que nem sei se é falso ou se é sincero
que me despe e me vira pelo avesso

Com o tempo veio a intimidade... com esta a super-exposição a realidade...

O descomprometimento, a minha doação.

O desejo por liberdade, a minha possessão.

A leviandade, o meu cinismo.

O egocentrismo, a minha solidão.

♪ São tantas coisinhas miúdas,
Roendo, comendo
Arrasando aos poucos o nosso ideal
São frases perdidas num mundo
De gritos e gestos
Num jogo de culpa, que faz tanto mal

Uma nova conversa, uma nova tentativa. Afinal, ainda é o mesmo cheiro, o mesmo gosto, a mesma pele, a mesma química... a iminência da perda, que torna toda necessidade mais ávida... ainda existem brasas.

♪ A paz é feita num motel de alma lavada e passada
Pra descobrir logo depois que não serviu pra nada
Nos dias de carnaval aumentam os desenganos
Você vai pra Parati e eu pro Cacique de Ramos

E agora que cada uma já usurpou o que a outra tinha de melhor (sonhos, ambições, fantasias, critérios, audácia, bom senso...), correm para se antecipar ao final. As duas perdem, mas ao primeiro não é imputada a capa dignidade.

♪ A gente se engana, nem sei por que
Até diz que se ama
Mas depois que sai da cama
Já não tem mais nada a ver

Eu sei que é duro ouvir isso de mim
Mas, olha, eu te juro
Não podia imaginar
Que tudo terminasse assim


Roteiro musical:

Barão Vermelho – Puro Êxtase

Kleiton de Kleidir – Paixão

Simone – Medo de amar n. 2

Maria Bethania – Grito de Alerta

Leila Pinheiro – Cata-vento Girassol

Renato Terra – Coisa de Momento

Flor

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